Design thinking é um rebranding para a supremacia branca

Como a situação atual do design é simplesmente o status quo atualizado para o digital

eduardo souza
15 min readJun 4, 2020

de Darin Buzon (texto original aqui)
Traduzido por Eduardo Souza*

Diante do progresso anunciado por todos os evangelistas, pouco mudou no design no último século. Designers ainda são esmagadoramente brancos e a maioria das posições executivas continuam sendo ocupadas pela minoria de 36% dos homens da área. Esse fato demográfico, no entanto, reverbera outro problema mais urgente, que se manifesta nas estruturas que materializam o status quo.

Já que o design tem se tornado uma das profissões de mais visibilidade nos Estados Unidos, quem está qualificado para entrar nesse clubinho é um questionamento sério, visto a desigualdade econômica cada vez mais profunda entre os estadunidenses. Apesar das supostas tentativas de diversificar a área, essa entrada é impedida por certificações arbitrárias, custos exorbitantes para bootcamps de design e a concentração do trabalho naqueles centros urbanos rapidamente gentrificados.

Manifestação do SJGoogle para que a empresa arque com as consequências da gentrificação. Fonte. Mais informações.

As consequências desse fenômeno revelam-se devastadoras. Comunidades são desapropriadas, mobilidade socioeconômica fica estagnada e membros originais da comunidade são negligenciados, se não já foram totalmente empobrecidos.

Essa forma de colonialismo, no entanto, nunca foi exclusiva do design, nem dos gigantes da tecnologia que a cooptaram. Nós vimos na história moderna como a extração de riqueza assume muitas formas: a pilhagem de terras originárias, apropriação cultural ou mesmo roubo de salário, cujas vítimas sofrem da síndrome de Estocolmo perpetrada por seus mestres, mesmo atualmente.

“A natureza dogmática Modernista nunca escapou ao debate contemporâneo”

De fato, o capitalismo e suas operações inescrupulosas não são nada novo para os Estados Unidos, mas a apropriação do design como uma extensão da empreitada capitalista não avança simplesmente porque as ferramentas agora são digitais. Então, se o design antes dava uma cara à mentalidade autoritária do Modernismo e foi sucedido pela ideia de Design Thinking, qual é, realmente, sua relação se não uma entre pai e filho?

Aliás, a situação atual do design é simplesmente a versão digitalmente atualizada da doutrina e da prática eurocêntrica. A natureza dogmática Modernista nunca escapou ao debate contemporâneo; ela passou por um dos muitos rebrandings no século 21 para cooptar a instrumentalização do design. De fato, o Modernismo se submeteu a um rebranding e hoje é vendido como “Design Thinking”.

Parece bem intuitivo, né? É o rádio que o regime nazista usou para controlar a circulação de informações na época. Quase um Whatsapp nazista – ou será que isso é redundante?

O Modernismo e sua ode à supremacia branca

Embora só recentemente o Design Thinking tenha recebido holofotes, sua essência é precedida pelo movimento Modernista. O pioneiro Tim Brown frequentemente se refere a profissionais Modernistas como Charles e Ray Eames, Frank Lloyd Wright e Isamo Noguchi como precursores do dogma do Design Thinking. Mas em que momento essa interseção passa a entrelaçar Modernismo a Design Thinking? Por que Modernismo atua como tamanha referência para a doutrina do Design Thinking?

Consideremos primeiro o dogma Modernista. Em 2019, enquanto lecionava no curso de design gráfico da UCLA, o editor Lars Müller freqüentemente dizia aos estudantes que, como designers, precisamos estar “acima do público”. Usando uma linguagem familiar ao Modernismo, Müller não se intimidava das suas convicções para “educar as massas”. Como Michael Rock — sócio da 2x4 — diz, havia um “fervor missionário” para modernizar e reformar as massas, para não dizer que arrastavam o cidadão comum para “modernização” inevitável: diziam que se posicionar contra ela seria como viver a vida de olhos fechados.

E como em qualquer projeto de branding, as margens que não serviam à marca foram destituídas de seu significado, achatando a Bauhaus a uma característica.

Mesmo assim, esse chamado à modernização vai além da simples escolha do estilo de vida. Dados os outros movimentos artísticos no seu plano de fundo (p.ex. dada e construtivismo), os Modernistas acabaram assimilando vários deles em uma nova embalagem e a marcaram na história como Bauhaus. E como em qualquer projeto de branding, as margens que não serviam à marca foram destituídas de seu significado, achatando a Bauhaus a uma característica. Essa colonização de ideias e movimentos culturais não é contraditória à ideologia Modernista, mas sim essencial para sua prática.

“Lute contra a feiúra. A vida de um designer é uma vida de luta. Luta contra a feiúra. Assim como um médico luta contra doença. Para nós, a doença visual é o que temos ao nosso redor e o que tentamos é curá-la de alguma maneira com design”. Sentiu?

Considere a mentalidade que vários Modernistas alardeavam. O designer gráfico italiano Massimo Vignelli é frequentemente citado como defensor da prática de usar apenas quatro tipografias e condenar a “poluição visual”. Estivesse Vignelli consciente da linguagem quase-eugenista que usava ou não, sua crença na luta do design “contra a feiúra” continuou pavimentando a prática Modernista de apagamento e consolidação.

Defender apaixonadamente contra uma estética não-alinhada a um certo cânone de trabalho é irrelevante quando tal estética é inacessível a não ser para um grupo seleto de pessoas. O fato da questão é que nem todas as pessoas usam a escrita latina, nem todas são alfabetizadas ou mesmo podem ter algum grau de comprometimento visual.

Ver certa coleção de tipos como as ferramentas essenciais para tipografia imediatamente exclui bilhões de pessoas, como mencionado. Além disso, se qualquer um fora da Europa precisa usar a escrita Latina é graças à complicada história do imperialismo Ocidental e a destruição violenta das culturas originárias. Essa história é endêmica no Modernismo e foi canonizada pela instituição popularmente conhecida como o Estilo Internacional.

Fazer isso retrata todas as nuances da humanidade por meio de um código visual uniforme.

É assim que os Modernistas anunciam o design como neutro: apontando o estilo como distinto do conteúdo e herdando a habilidade universal de se comunicar com qualquer ser humano. Mas, para evidenciar mais uma vez, essas aspirações são impossíveis de atingir, sem falar como se inclinam ao racismo. Fazer isso retrata todas as nuances da humanidade por meio de um código visual uniforme.

Considere Paul Rand, que acreditava que design e questões sociais deveriam se manter separados. Devemos tirar disso que os nossos julgamentos estéticos são verdades universais que se formam em um vácuo, ausente de referencial cultural e histórico? Mesmo que dito por ignorância, a prática de Rand servia a um público ocidental, fazendo com que suas proposições sejam, no melhor dos casos, preceitos irresponsáveis para o design.

Bonita cadeira? Projetada por Adolf Loos, cuja maior herança foi a ideia explícita e beligerantemente racista em «Ornamento e Crime», que deu as bases teóricas da noção de funcionalismo que orientou o design desde o fim da Segunda Guerra. Fonte.

Assim, ecoar essa mentalidade de isenção é uma recusa de reconhecer o contexto social em que o trabalho é realizado. A ideia de que um estilo pode ser “internacional” presume que a organização das suas qualidades formais funcionam para qualquer pessoa, independente das fronteiras culturais. Ao se expandir para além das suas fronteiras, o Estilo Internacional mobilizou o mesmo imperialismo Ocidental que visava a suplantar tradições gráficas inteiras, apagar linguagens e suprimir escritas originárias. O que era “internacional” do Estilo Internacional se eram acessíveis apenas para a Europa e suas colônias que foram submetidas ao condicionamento da supremacia branca?

É impossível separar conteúdo da forma e menos ainda o contexto do profissional. Entretanto, esses que anunciam conseguir fazer isso, e ainda encorajam os outros a fazê-lo, herdam o privilégio de não serem afetados por tais circunstâncias sociopolíticas porque o contexto em que elas vivem as protegem conscientização atroz com que os marginalizados são forçados a negociar. Esse ato de estipular a ausência de raça ou, de maneira mais ampla, a neutralidade é em si um ato racial ou enviesado. Um questionamento urgente se forma: O que é universal? O que é o modelo neutro? Quais são nossos padrões básicos?

Na supremacia branca, branquitude é o padrão. E por meio da criação da branquitude nos Estados Unidos, qualquer coisa fora disso aparece como uma diferença que é veementemente destacada. Nesse contexto, a ideia do que “estadunidense” significa, é muito importante considerar a ideia do que é convencionalmente “estadunidense”. Toni Morrison questiona de maneira vigorosa: “que partes da invenção e do desenvolvimento da branquitude atuam na construção do que é vagamente definido como ‘estadunidense’?”

Foto da marcha supremacista, terrorista e neonazista ocorrida em 2017 na cidade de Charlottesville, Virginia, Estados Unidos. Qual a ideia de “estadunidense” que está sendo defendida aqui?

Nesse sentido, como podemos olhar honestamente para “neutralidade” ou “universalidade” ou “não vejo cor” se isso aniquila o design e minimiza o artista e sua obra? Quando olhamos para os preceitos Modernistas do mundo, eles se revela outro produto da supremacia branca, centrando a si mesma como a abordagem final para toda estética humana universal.

Podemos ver isso como um ato perigoso que imprensa muitas culturas diferentes no monólito da “humanidade”, mas vamos destacar que essa assimilação chega a apagar as margens e eliminar as diferenças.

Quando o padrão é branco, como o design enquanto uma ferramenta “neutra” serve a qualquer coisa que não à branquitude? Como é que um design “universal” comunica quando não há linguagem utilizada universalmente? O que é o “limpo” se não contrastado com a estética “suja” incansavelmente alvejada?

Essa mentalidade está longe de ter sido esquecida hoje. Ela reviveu no cenário digital contemporâneo. E quando os sistemas não são contestados, seus produtos perpetuam a construção dessas realidades cruéis. O que é o Modernismo se não uma arma cultural para apagar estéticas não-brancas? O que é o Design Thinking, então, se não sua metodologia sucessora para a hegemonia cultural branca?

“Unidade tripartite” de Max Bill, importante figura que influenciou a implantação do design moderno no Brasil na década de 50.

Flat design: um ideal homogêneo de design

Hoje, o design atua não apenas em um pôster emoldurado ou no que é impresso nos livros. Ele é intangível, incorporado em produtos completamente ausentes do espaço físico. Ele funciona para representar empresas sem escritórios ou tecnologias sem hardware.

Mas a mídia em que o design atua não é simplesmente um recipiente para ideias comunicadas visualmente. Design, como sempre, convive com seu conteúdo e é informado por seu autor. Então, o que o design coloca no mundo sempre leva consigo essa responsabilidade; sempre necessita de crítica em sua produção.

Design, como sempre, convive com seu conteúdo e é informado por seu autor.

A situação das coisas no design de hoje, no entanto, caminha de modo familiar mas perigoso. Lembre que no Modernismo, design era “universal” apenas se adotado de certa forma, aderindo a códigos estilísticos. Se dedicando até mesmo a codificar padrões, a conversa sobre o reconhecimento tentou se transformar em uma instituição. Os designers eram tão inseguros a ponto de acreditar que instituir esses clubinhos os validariam? E, embora seja absurdo imaginar, é precisamente essa realidade que o design herdou hoje.

A barreira para entrar no design ainda funciona em nome da supremacia branca capitalista que lhe deu origem. Veja só os cursos online ou bootcamps que prometem para seus clientes o sucesso em conseguir jobs. O curso da IDEO “Insights para inovação”, por exemplo, custam R$ 2.500,00 por cinco semanas. O “Design Thinking Bootcamp” da d.school em Stanford custa mais de R$ 60.000 por quatro modestos dias. Agora pense que a renda média de uma família de classe média estadunidense em 2019 era aproximadamente R$ 25.000 por mês.¹ [Em uma pesquisa rápida, achei dois bootcamps brasileiros, um de valor R$ 2.300 por 18h e outro online de 36h por R$1.500. O valor do salário mínimo é R$ 1.045 e a média salarial é de R$ 2.323, segundo o IBGE².]

Agora, online devido ao Covid-19, o curso custa apenas US$13.000 ou, sendo generosíssimo com o câmbio do dólar e considerando R$5, R$65.000 por três dias de acesso a um conteúdo online.

Então, o que é tão “centrado no humano” no Design Thinking se a família de classe média precisa abrir mão de um quinto de sua renda antes de participar disso, sem falar em ter acesso? O que é tão “inovador” sobre o currículo se não um ciclo de retroalimentação que reforça um compartimento excludente e classista? E quando a situação socioeconômica está tão profundamente entrelaçada com raça nos Estados Unidos, quem são os estudantes frequentemente aceitos?

Ainda assim, o que faz o Design Thinking tão prejudicial não é só o currículo remendado à força bruta, desenvolvido a partir da pseudociência do “aja rápido, quebre as coisas”³ vinda do Vale do Silício. Mesmo que isso seja incrivelmente irresponsável, a origem desse fenômeno é, de fato, seu nascimento a partir da supremacia branca, que reencena nostalgicamente o complexo de superioridade dogmático do Modernismo e do Estilo Internacional.

“Ao embalar o Design Thinking como a promessa de um ‘bom’ design, todos os outros métodos são achatados, desprezados e apagados.”

Como Maggie Gram diz, ao acatar o “Design Thinking”, nós atribuímos ao design um tipo de epistemologia superior: um modo de saber, de “resolver”, que é melhor do que qualquer outro método. Resquícios do Modernismo; ao embalar o Design Thinking como a promessa de um “bom” design, todos os outros métodos são achatados, desprezados e apagados. O resultado é uma paisagem digital homogênea incrivelmente suscetível aos vieses mantidos pela supremacia branca.

O que faz o Modernismo e o Design Thinking tão assustadoramente parecidos é compartilharem a mentalidade de cuidar das “necessidades da humanidade” e “centrar o humano no processo de design”. Mas essa proposta se torna vazia já que nenhuma abordagem de design pode ser de fato universal ou inteiramente ubíqua a qualquer experiência humana.

Esvaziar o design pela “neutralidade” ou “humanidade universal”, tomando decisões pelo escopo de um oceano de post-its acaba por afogar as implicações culturais. A insistência infindável que “design é humano” ou que “design tem empatia com o usuário” não apenas engendra os padrões da supremacia branca do usuário/humano mas também constrói uma meticulosa gramática para persuadir não-designer de que design é um produto não-negociável, feito para ser vendido independentemente se elas são contempladas ou não.

Fica fotogênico demais escrever no vidro e colocar post-it no vidro. Será que é por isso que todas as start-ups fazem?

Essa mentalidade incontestada de ver o mundo como uma paisagem para ser submetida a um redesign e ser “melhorada” (como se tudo no mundo fosse um problema para ser resolvido) não só torna o próprio design uma forma de catequese mas também torna moralmente justa a existência das corporações representadas pelos evangelistas. No fim, Design Thinking está tão entranhado no capitalismo que o eufemismo do “design centrado no humano” é tão “humano” quanto o modelo de negócio em que se apóia. E talvez por isso que a crítica no Design Thinking seja tão minúscula: o arcabouço rígido não fornece um vocabulário para uma alternativa fora do capitalismo nu e cru.

Como a catequização na colonização da América, o Design Thinking torna-se o evangelho superior a todas as outras metodologias de design.

Ao evangelizar uma devoção monoteísta para o Design Thinking, a jurisdição do design cresce à medida que os Design Thinkers vão colonizar qualquer coisa como um “problema de design” em busca de solução. Como a catequização na colonização da América, o Design Thinking torna-se o evangelho superior a todas as outras metodologias de design. Com um sabor diferente de colonialismo, o Design Thinking e seus missionários buscam erradicar mitologias contrárias para se estabelecer como absoluta e totalizante por meio de missões (bootcamps) e indulgências (certificação).

Também fica claro que o Design Thinking quase sempre negligencia questões sistêmicas profundamente enraizadas que informam o problema posto. Veja a tentativa insensata da IDEO para “fazer um redesign” de Gainesville, Florida. Supondo que o Design Thiking seria uma abordagem apropriada para lidar com problemas da comunidade, uma empresa de design do Vale do Silício autoproclamou-se soberano e prescreveu nove ideias falidas para a cidade, incluindo a sanção de um “Departamento do Fazer”. Longe de fazer qualquer coisa, esse departamento foi inspecionado e a Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor⁴ colocou a cidade na justiça; os moradores negros e pobres de Gainesville continuaram negligenciados. O Design Thinking forneceu nada além de promessas vazias e novos estudos de caso com que a IDEO vai fazer propaganda.

A arrogância que vem com ser um Design Thinker acaba privilegiando o designer acima de qualquer um. O resultado é uma profissão de narcisistas que aprofundam a estratificação de classes ao padronizar o jargão do Design Thinking como uma régua para restringir o mercado e produzir uma necessidade artificial para a qual os clientes devem contratá-los.

Até quando os designers acreditarem que são uma classe “criativa”, a desigualdade vai se ampliando, a consciência de classe é cada vez mais apagada e a solidariedade entre todos da classe trabalhadora é minada. Design vira um esquema pirâmide e todo mundo se joga da ponte quando seu rei mandar.

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A verdade é que os designers simplesmente não são os mais bem equipados para lidar com todos os desafios profundamente enraizados que nos autoproclamamos para resolver. Apesar de todos os jargões que gravitam a “empatia” do processo de design, talvez a melhor abordagem seja simplesmente dar um passo para trás, sair um pouco da conversa e reconhecer os verdadeiros mantenedores do espaço que ocupamos.

Embora seja claro que o Design Thinking imita os padrões perigosos do Modernismo, é igualmente crucial — se não urgente — reconhecer que os dois não são evoluções um do outro ou desviantes do contexto histórico em que existem.

No fim das contas, tanto o Modernismo quanto o Design Thinking são subprodutos do capitalismo supremacista branco que se mantém operando por meio da promessa velada de mudança visionária.

No fim das contas, tanto o Modernismo quanto o Design Thinking são subprodutos do capitalismo supremacista branco que se mantém operando por meio da promessa velada de mudança visionária. Não importa quão progressiva a política de qualquer designer, a não ser que o capitalismo seja deposto, somos todos cúmplices na sua inabalável manutenção.

A não ser que decolonizemos o design por meio de uma mudança radical para uma práticas alternativas, continuaremos perdendo as margens de vista e assistindo ao processo do design ser instrumentalizado, negligenciando quem é impedido de entrar no clubinho.

É por isso que nosso chamado urgente como designers é, em última instância, aceitar a responsabilidade do design não como uma ferramenta da exploração capitalista ou da hegemonia cultural mas questionar o status quo no esforço de empoderar as comunidades que ele alveja e decolonizar a prática para prevenir qualquer ressurgimento de acontecer no futuro.

Nesse chamado para ação, nossos esforços em direção a uma sociedade igualitária começam com manter a crítica da nossa área e continuar incansavelmente a criar alternativas radicais que possam nos libertar desse ciclo de opressão do capitalismo supremacista.

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* É preciso algumas considerações de como esse texto se relaciona com a realidade brasileira. Em breve, pretendo publicar um texto fazendo algumas que me saltam aos olhos.

1 Para facilitar a relação com a realidade brasileira, tomei algumas liberdades. Fui generoso com o valor do dólar e considerei a R$ 5 (não é). A renda média nos Estados Unidos se dá por ano; decidi adequar os números ao mês, que é como estamos mais acostumados. Os valores conforme ditos no texto são de US$499 para o curso da IDEO, US$12.600 pelo curso de Stanford e a renda média anual é de US$60.000.

2 IBGE. Acessada no dia 2 de junho de 2020.

3 Referência ao livro Move Fast and Break Things: How Facebook, Google, and Amazon Cornered Culture and Undermined Democracy de Jonathan Taplin

4 National Association for the Advancement of Colored People. É uma associação civil fundada em 1909 nos Estados Unidos que desempenha um papel importantíssimo na luta antirracista.

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Uma versão desse texto com todas as referências está disponível em inglês no Google Docs feito pelo autor aqui.

O canal no are.na com todo material da bibliografia lista abaixo está disponível aqui.

Bibliografia e leituras sugeridas

AIGA, Google. “Design Census 2019.” Design Census. 2019. https://designcensus.org/.

Artist, American. “Black Gooey Universe.” unbag. End. Accessed March 5, 2020. https://unbag.net/end/black-gooey-universe.

Badger, Emily and Kevin Quealy. “Watch 4 Decades of Inequality Drive American Cities Apart.” The New York Times, TheUpshot. December 2, 2019. https://www.nytimes.com/2019/12/02/upshot/wealth-poverty-divide-american-cities.html.

Bratton, B.H. (2016), Bad Mood: On Design and ‘Empathy’. Archit. Design, 86: 96–101. doi:10.1002/ad.2117.

Brown, Tim, and Barry Katz. Change by Design: How Design Thinking Transforms Organizations and Inspires Innovation. New York: HarperBusiness, an imprint of HarperCollinsPublishers, 2019.

Chun, Christine. “How I became a UX Designer with no experience or design degree | chunbuns.” YouTube video. 4:13. Posted by “chunbuns.” June 2, 2019. https://youtu.be/Poo4AI2expA?t=253.

Dougherty, Conor. “California Is Booming. Why Are So Many Californians Unhappy?” The New York Times. December 29, 2019. https://www.nytimes.com/2019/12/29/business/economy/california-economy-housing-homeless.html.

Iskander, Natasha. “Design Thinking Is Fundamentally Conservative and Preserves the Status Quo.” Harvard Business Review (2018). https://hbr.org/2018/09/design-thinking-is-fundamentally-conservative-and-preserves-the-status-quo.

Gram, Maggie. “On Design Thinking.” Savior Complex issue 35. Fall 2019.

Hall, Erika. Twitter post. January 18, 2020, 11:20 AM. https://twitter.com/mulegirl/status/1218568764213493760.

Hustwit, Gary. “A Rare Interview With Graphic Design Legend Massimo Vignelli.” Fast Company. March 24, 2015. https://www.fastcompany.com/3044133/a-rare-interview-with-graphic-design-legend-massimo-vignelli.

Introduction: #TravelingWhileTrans, Design Justice, and Escape from the Matrix of Domination. (2020). Design Justice. Retrieved from https://design-justice.pubpub.org/pub/ap8rgw5e

Jen, Natasha. “Design Thinking Is Bullshi*t.” Adobe 99U Conference, New York, New York, June 5, 2017.

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Mould, Oliver. Against Creativity. London Brooklyn, NY: Verso, 2018.

“Michael Rock.” Vimeo video posted by “bauhaus online.” November 26, 2010. https://vimeo.com/17219499.

Parasite. Directed by Bong Joon-ho. Seoul, South Korea: CJ Entertainment, 2019. Screening.

Pressman, Andy. “What Do We Lose When It’s Easy to Use?” Design Week Portland 2016, Portland, Oregon, April, 2016.

Rock, Michael. “On Professionalism.” Ideas by 2x4 (1994). https://2x4.org/ideas/1994/on-unprofessionalism/.

Tighe, Colleen. “Design Is Not Neutral.” The Baffler (2019). https://thebaffler.com/odds-and-ends/design-is-not-neutral-tighe.

Tran, Tony Ho. “How We Empathize in UX Matters.” dscout, Conversations, 27 February 2020, https://dscout.com/people-nerds/how-we-empathize-in-ux.

Wang, Jen. “Now You See It: Helvetica, Modernism and the Status Quo of Design.” Loki Design (2018). https://www.lokidesign.net/journal/2018/5/14/now-you-see-it-helvetica-modernism-and-the-status-quo-of-design.

Wikipedia contributors. “Batak script.” Wikipedia, The Free Encyclopedia. https://en.wikipedia.org/w/index.php?title=Batak_script&oldid=915517446 (accessed February 28, 2020).

Wikipedia contributors. “Household income in the United States.” Wikipedia, The Free Encyclopedia. https://en.wikipedia.org/w/index.php?title=Household_income_in_the_United_States&oldid=941708686 (accessed February 27, 2020).

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eduardo souza

sempre isto ou sempre outra coisa, ou nem uma coisa nem outra | professor, designer e ilustrador | https://linktr.ee/souza_eduardo